Em 2016 comecei com alguns investimentos em renda fixa, mais precisamente comprei alguns Títulos Públicos. Tinha muito medo de perder todo o meu dinheiro, mas resolvi transferir uma mixaria para a corretora pela primeira vez. Desde então, venho aumentando meus aportes e meu conhecimento na área financeira/finanças pessoais.

Sei que existem várias obras clássicas do menor ao mais alto nível de complexidade, mas decidi ler Faça Fortuna com Ações do Bazin, obra nacional. Isso graças a recorrente propaganda da Suno Research fazendo uso da imagem e da filosofia de Luiz Barsi Filho, um dos maiores investidores pessoa física do país.

Lendo, percebi que Bazin era um cara como eu: cético e sem muito rodeios. Dei-me muito bem com a obra e escrevo este post aproximadamente um mês depois de ler, pois acho que assim trarei só o que ficou absorvido por mim. Aprendi demais e acabei por absorver seu estilo de visão e estratégia de investimentos.

Investidor Pessoa Física x Investidor Institucional

Para Bazin, o investidor Pessoa Física não precisa de patrimônio, mas de renda. Gostei muito dessa visão por que coincide com a de meu falecido pai e com fatos que presenciei na vida. Meu pai sempre dizia que lutava para aumentar a renda e não o patrimônio. Foi de fato o que ele fez. Depois, já com uma boa renda,  construiu um patrimônio.

Os investidores institucionais são diferentes, pois eles precisam é formar uma patrimônio para daqui a décadas, quando os beneficiários necessitarem desse dinheiro, ele vai poder ir derretendo esse patrimônio ou trabalhando como uma espécie de pirâmide financeira, repassando o dinheiro dos atuais trabalhadores para os atuais aposentados/beneficiários.

Um investidor institucional pode comprar milhões de MDIA3, que possui apenas 1% de Dividend Yield (26/08/2017), porque não precisa de renda, ou seja, ele está apenas custodiando recurso alheio. Quando alguém precisar de recursos que estão sob sua custódia, ele repassa o que outros estão lhe transferindo ou mesmo vende ações como essa para gerar liquidez e honrar o compromisso.

É dai que vem o polêmico 6% de Dividend Yield que tantos criticam. Para quem não sabe, Bazin escolhi ações pelo DY. Todavia, as pessoas confundem tal fato com ter como único critério. O que não é verdade. Tentarei Explicar como Bazin investia.

Empresas com Dividend Yield de pelo menos 6%

O Bazin dolarizava todas as compras e rendimentos das ações. O objetivo era sempre comprar ações com DY superior a 6%, pois afirmava que havia um entendimento mundial que essa era a taxa remuneratória anual mínima e que qualquer coisa abaixo disso seria um péssimo investimento. Nem precisa questionar sobre inflação, uma vez que ele dolarizava todos os investimentos e o dolar é uma moeda estável.

Além de o questionamento sobre inflação não ser válido devido a dolarização, o argumento de que o DY não ser um indicador confiável, também não procede na forma de investimentos do Bazin. Tal improcedência se deve ao fato de que haviam muitas empresas que apresentavam esse Yield, o que mitigava dramaticamente todos os riscos, já que a carteira era vasta. Se uma empresa quebrasse, o prejuízo seria mínimo. O fato era que ele era considerado um bom gestor, já que fez fortuna para seus clientes.

No próprio livro há um capítulo em que ele afirma que o investidor pessoa física irá sumir. Fiquei curioso para ler. A gênese era que ele aventou vários estudos sobre a bolsa americana e a brasileira sobre o número de empresas que apresentavam yield superior a 6%: era decrescente ano após ano. O que indicava que sua técnica seria inviável com o tempo. Tenho tentado aplicar a sua técnica, porém as empresas não distribuem de forma consistente e as que, pelo menos distribuem acima de 6%, são poucas. É, de fato, o pequeno investidor irá sumir.

Por que o preço subiu? Por que o preço caiu?

Achei muito interessante essa ideia. Bazin afirmou em seu livro que os preços não sobem ou caem, mas os preços são puxados ou derrubados por manipuladores ou investidores institucionais. Tanto os manipuladores quanto os investidores institucionais possuem muito dinheiro. A diferença é a intenção e a propriedade.

O manipuladores manipula o mercado com dinheiro próprio para tirar alguma vantagem, enquanto o institucional puxa um preço pelo simples fato de ter muito dinheiro e quando vai as compras, normalmente investe milhões. Em um mercado como o brasileiro, isso inflaciona qualquer preço.

Quero dizer que essa questão de fundamentos é meia verdade. Ora, se os fundamentos de um papel forem ruins, mas um institucional resolve comprar milhões desse papel por qualquer razão que seja, esse papel terá uma super valorização e seus fundamentos não terão qualquer relação com isso. O inverso também é verdade, por óbvio.

Essa visão me dá muita segurança na renda variável, pois sei que se o preço cai é por que estão vendendo mais barato e, se cai muito, é por que estão vendendo muito. Só isso. Acredito até que seja por isso que os papéis de fundos imobiliários sejam menos voláteis que os das ações: não parecem ser muitos os investidores institucionais que investem e ações. Afinal, acredito que eles não teriam a vantagem tributária, que é a única vantagem dos FIIs.

Considerações Finais

O livro apresenta várias reportagens escritas por Bazin, bem como várias histórias de sua lembrança que, por si só, já valem a pena. Consegui entender várias questões sobre o mercado lendo todo esse material.

Outro ponto importante são os investidores estrangeiros. Eles são como os investidores institucionais: trazem muito dinheiro. Assim, eles podem inflacionar qualquer papel como também desvalorizar qualquer deles.

Sou estudante de contabilidade então vejo todos os números e indicadores antes de investir em uma empresa. Todavia, essa questão do yield de 6% me abriu a mente para a questão de se der um critério. Agora, tento investir em empresas com esse nível de retorno. Se o yield é de 1% ou 2%, entendo que a empresa está cara. Se estiver próximo ou maior que 6%, entendo que estão em um bom preço. Isso me ajuda a ter segurança, mesmo sabendo que passado não é garantia de futuro e yield não seja o melhor do indicadores e blá blá blá.

Aprendi muito com o livro. É uma leitura que vale a pena. Abraço a todos.

15 comentários em “FAÇA FORTUNA COM AÇÕES antes que seja tarde (O que aprendi com Bazin)

    1. Olá colega, você não precisa seguir o método dele. Mas caso queira, você não precisa dolarizar, haja vista o real possuir uma certa estabilidade. Sobre esse tipo de empresa, basta fazer um filtro num site como o fundamentus.com.br. Lá é possível fazer esse tipo de filtro. Há várias empresas que preenchem esse requisito. Com efeito, aprenda a observar outros indicadores e entender o contexto econômico. Abraço!

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  1. Artigo muito bom.

    Muito do que Basin fala ainda é valido:

    – 50% do capital operando Bovespa é estrangeiro.
    – Quem movi o preços das ações são investidores institucionais e fundos de investimento.
    – Grandes fundos tem como critério principal liquidez das ações.
    – Para pequenos investidores um ativo que negocia 200 , 500 mil por dia tem um liquidez enorme frente ao capital do mesmo.
    – Quanto maior quantia de dinheiro , mas difícil fica entrar e sair determinado ativo sem derrubar os preços operando milhões.
    – O pequeno investidor tem vantagem de investir em small caps com valuation muitos mais atrativo frente as demais opções de mercado.
    – É Muito mais fácil bater o Ibovespa como pequeno investidor .
    – Empresas de crescimento só devem ser compradas quando a mesma é small, cap, mid cap ou apresenta grande desconto.
    – Grandes fundos passivos operam em sistema piramidal, consequentemente numa crise aumenta exponencialmente numero de resgates por partes dos pequenos investidores, consequentemente isso acaba obrigando gestores a liquidar milhões de ativos a mercado .
    – O método do basin funciona até hoje , porém a disposição de empresas dentro deste modelo tende diminuir a longo do tempo, portanto recomendo trabalhar com 5% de yield mínimo.

    Considerações: Nunca gostei de empresas de crescimento por alguns motivos elencados abaixo.

    Quando você compra uma empresa de crescimento o preço esta tão esticado que a suposta empresa precisaria obter um lucro fenomenal para remunerar devidamente seu dinheiro.

    Comprar crescimento é mais arriscado que comprar valor.

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    1. Mestre, como sempre, seus comentários são uma aula a parte. Vou refletir sobre tudo o que você disse. Faz muito sentido, eu mesmo aceito até empresa com 4% (BBDC3). Um ponto de destaque é que eu também não entendo por que alguém investe em empresas de crescimento… Como se sabe que ela vai crescer?? Ninguém sabe. Com relação a dividendos, cada vez que se recebe, vai se diminuindo o risco. Na sua opinião, esse critério serve apenas para empresas? Estou considerando FIIs também. Obrigado pelo comentário e visita.

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