Lembro , há alguns anos, que um amigo investia e vivia de forma bem simples, coisa que não fazia sentido para mim à época. Hoje, já mais maduro financeiramente, encontro crítica de amigos e de minha esposa, que é sempre a mesma: para mim, não faz sentido investir para viver o futuro, penso que temos que viver o agora também.
Eu sei bem como é. Já passei dessa fase. Achava que guardar dinheiro era o mesmo que não viver o presente na expectativa de viver um amanhã melhor. Só que não é bem assim. Quando a gente escolhe o nosso “pay-in” – chamo dessa forma, definimos o quanto vamos poupar.
O meu pay-in era de 10% e, agora, já se encontra em 20%. Parece racional pensar que estou vivendo cada vez mais de forma miserável. O ponto é que, na prática, estou vivendo cada vez mais tranquilo. O meu pay-in simboliza o meu nível de higidez financeira.
Consegui aumentar de 10% para 20% por que quitei um empréstimo e não fiz mais outro. Foi uma tentativa de tirar um dos pés da corrida dos ratos. Por que sempre que ganhamos mais temos que gastar mais? Não! Podemos poupar mais! Ou seja, não diminui meu nível de consumo.
Cada vez mais sei a importância do dinheiro. Faço questão de realizar o saque para o gasto semanal. uso dinheiro vivo para que eu possa ver fisicamente ele diminuindo e saber dosar o consumo.
Este ano, decidi ir trabalhar de bicicleta. No total, são cerca de 15 quilômetros diários. Meu colega de trabalho achava que era sacrifício demais. Todavia, me sinto muito bem fisicamente. Fazia anos que não me sentia tão bem. Claro que as pedaladas não me levaram os anos, mas ajudaram bastante.
Economizando gasolina por andar de bicicleta implica vida pior? Não, pelo contrário. Nosso corpo precisa de exercício. Será que sempre existiram academias? Por que não podemos incorporar exercícios em nosso dia a dia? Andando de bicicleta, economizo academia e ainda me sinto muito bem. Adoro observar o verde. Já estou até bastante habilidoso com a magrela.
Se eu for louco por viver cada vez mais de forma simples, talvez todo investidor tenha algo de louco. Lembro-me de Luiz Barsi Filho, que anda de metro possuindo mais de 20% do Santander e mais de 20% da Unipar, além de várias outras grandes participações. Qualquer desses meus conhecidos andariam de Porche. Coitados.
Ademais, será que se eu não guardasse nada e consumisse todo esses R$ 1.000,00 a mais eu teria uma vida luxuosa? O que eu faria com isso? Beberia mais cervejas? Compraria mais roupas? Comeria somente picanha? Não vejo o ponto. Digo isso por que minha esposa vem reclamando que vivemos só com o básico. Perguntou-me para que irmos além do básico?
Enfim, espero que continuemos amadurecendo. Vejam, percebi que quanto menos coisas tenho, menos problemas tenho. Já não tenho celular, agora já não uso carro. Minha vida está melhorando, sinto.